Cravinhos participa de palestra sobre Educação e a Psicanálise

No sábado (02/09) aconteceu a palestra “A educação pelo avesso: contribuições da psicanálise”, anfiteatro “André Jacquemin”, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP.

A palestra foi ministrada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alfabetização, Leitura e Letramento – GEPALLE contando com a participação da Professora Drª. Elci Antonia de Macedo Ribeiro Patti; especialista Silvia de Carvalho Machione Trindade; Mestre Juliana Augusta Soares; Mestre Camila Carrari Dornelas e a mediadora Professora Drª. Elaine Assolini.

Buscando refletir sobre os esforços cotidianos empreendidos pelos professores no ambiente escolar, os quais se fundamentam no discurso hegemônico de que há uma prática “ideal” e “infalível”, trazemos a implicação da psicanálise com a Educação no sentido contrário, ou seja, o avesso desse discurso.

Atuar como profissional da educação não é tarefa simples. O mal-estar inerente à condição humana também está ao lado dos professores desde a creche até a Universidade. Falamos de uma demanda educativa que pressupõe um sujeito do desejo que muitas vezes é esquecido. O ato docente é relacional e isso nos impõe a pensar nos sujeitos dessa relação.

Para Sigmund Freud (médico neurologista criador da psicanálise), educar é transferir um legado de pai para filho. Partindo da suposição de que a relação pedagógica está implícita na relação humana, a educação se desenvolve muito mais pelo laço social que se estabelece do que pelo conhecimento adquirido que expressamos ao outro. Nesse sentido, pensar a educação no âmbito do enlaçamento que um faz com o outro exige introduzir a subjetividade num campo em que o saber fazer normalmente se sobrepõe ao saber ser. Exige também reconhecer a possibilidade de que o conceito da transferência acontece na relação professor-aluno. O professor tem seu sentido esvaziado para receber o sentido que é conveniente para o desejo inconsciente do aluno. Assim o professor se torna importante para o aluno, já que possui algo que pertence a ele. Desta situação o professor adquire poder, que tanto pode ser usado para ensinar e preparar o aluno quanto para influenciá-lo com o fim de doutriná-lo segundo suas próprias crenças. O professor, como ser humano, também possui seu próprio inconsciente, portanto também pode transferir significados para o aluno - fato que também deve ser considerado ao se avaliar a relação.

Ora, aprender supõe sempre aprender com alguém. Quem ensina será sempre colocado pelo aluno numa determinada posição que pode ou não proporcionar a aprendizagem, indicando que o lugar que o aluno o coloca não é apenas o daquele que ensina. É o desejo inconsciente desse aluno que está determinando o lugar a ele conferido, como uma espécie de tela onde serão depositadas projeções alheias a ele enquanto pessoa.

Somente quando o professor ocupa o lugar de “saber”, é que sua palavra terá poder suficiente para ser ouvida pelo aluno como algo que anime seu interesse. Não adiantam as técnicas pedagógicas mais atuais, o aparato tecnológico mais moderno se esse “grande” detalhe não estiver em sincronia. Da educação infantil à universidade, a transferência torna-se a mola propulsora do processo ensino- -aprendizagem.

Segundo a Psicanálise é necessário reconhecer que a presença do inconsciente introduz entre educador e educando um controle sobre qualquer cartilha de bons procedimentos educacionais, pondo em xeque a ficção entre eles na direção de melhores resultados para prover a realização pessoal do ser humano.

A secretária municipal da Educação de Cravinhos, Margarete Stella Moraes, esteve presente com a supervisora educacional, Flávia Lourenço Scatolino, sendo assim representantes do município de Cravinhos nesse importante evento.