Representantes da Educação de Cravinhos conhecem escola de Portugal
Publicado em 20-08-2019 12:03:26 | Cravinhos, Educação, aprendizado, ensino de qualidade, viagem, Portugal, ensino
Representantes da Educação de Cravinhos conhecem escola de Portugal
No período de 11 a 26 de junho de 2019, a secretária Municipal da Educação de Cravinhos Margarete Stella Moraes e a supervisora Educacional da rede municipal Ensino de Cravinhos, Ivana Jordão Lozano, visitaram no país de Portugal, em Santo Tirso, São Tomé de Negrelos a Escola da Ponte Básica Integrada.
O objetivo da visita foi conhecer novas metodologias e a possibilidade de implantá-las na rede municipal de Cravinhos visando a melhoria da qualidade do ensino.
A Escola da Ponte não segue um sistema baseado em seriação ou ciclos e seus professores não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específica. As crianças e os adolescentes que lá estudam definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo como individuais.
O Profº. José Pacheco é o idealizador de uma escola que foge ao modelo tradicional. Há 28 anos ele coordena a Escola da Ponte. Apesar de fazer parte da rede pública portuguesa, a escola de ensino básico, localizada a 30 quilômetros da cidade do Porto, sua metodologia a diferencia das demais.
Hoje é um marco pedagógico de diferenciação do modelo de escola corrente, dito tradicional” ou “convencional”, e esta diferença é estudada, admirada e é parcialmente adaptada um pouco por todo o Mundo, com especial destaque no Brasil.
Inserida no sistema público de ensino português, apesar da excelência comprovada por todas as inspeções e estudos, mesmo a nível mundial, o seu método de ensino tardou em ser aprovado e reconhecido pelo Ministério da Educação. Durante muito tempo, a escola da Ponte foi “ignorada” pelas autoridades, depois passou a ser considerada por todas instituições públicas nacionais como uma “referência” para um novo sistema de ensino que privilegie a cidadania.
Este projeto surge em 1976 e foi liderado pelo pedagogo Profº. José Pacheco que entretanto, por sentir que estava num processo de conclusão deixou-o entregue à gestão da própria comunidade local, que conta com uma assembleia de estudantes, associação de pais, uma comunidade organizada e outras tantas ações e programas que culturalmente mantém seu funcionamento.
A cada ano, os alunos criam as regras de convivência que serão seguidas inclusive por educadores e familiares.
O sistema tem se mostrado viável porque os educadores estão abertos a mudanças e as famílias dos alunos apoiam e defendem a escola idealizada pelo Profº. José Pacheco.
As educadoras foram recebidas pela diretora Sra. Eugênia, que logo após a receptividade e apresentações, apresentou-as aos alunos Afonso e Alice, ambos estudantes do 4º. ano. Os referidos alunos foram incumbidos de fazer as apresentações da estrutura física e a metodologia aplicada na escola, pois são os alunos que recebem as visitas e fazem as explicações solicitadas sobre o Ensino Infantil e Fundamental até o 9º. Ano.
Os visitantes são proibidos de fotografarem qualquer parte do interior da escola e dos alunos. Não é fornecido cópia de qualquer tipo de material ou documentação.
“O aluno Afonso nos informou que a escola possui em média 253 alunos, do Ensino Infantil (Pré-escola) e Fundamental (1º. ao 9º ano). Explicou que os alunos dos 1ºs., 2ºs. e 3ºs. anos formam um grande grupo e, 4ºs. e 5ºs. anos formam outro grande grupo que é dividido em minis grupos. Esses minis grupos são de quatro alunos, dentro de uma sala com no máximo cinco minis grupos. Geralmente, se agrupam de acordo com a mesma disciplina, mas não é uma regra. Nas salas de aula ficam dois professores. Os alunos estudam os conteúdos e quando têm dificuldade solicitam ajuda dos professores.
A escola é de período integral. As aulas iniciam às 8h e terminam às 16h30. No período da manhã as disciplinas são: Língua Portuguesa, História, Geografia, Biologia, Sociologia, Física, Química, Matemática e Inglês que é disciplina obrigatória até o 9º. ano. A partir do 6º. ano é opcional outro idioma. O aluno opta por Francês ou Espanhol. No período da tarde as disciplinas são: Educação Física, Informática, Robótica e Projetos diversificados.
Os educandos fazem autoavaliação bimestralmente com alguns itens já especificados, por exemplo: “Fiz toda a tarefa”, “Não fiz a tarefa”, “Cumpri com as minhas responsabilidades”, “Participei da aula de Robótica”. Fazem também avaliação oral. Participam de avaliações externas. Todas as salas de aulas possuem leitura incidental.
Os alunos do 1º. ano estudam em uma sala de aula regular com mais ou menos 25 alunos, distribuídos em grupos de quatro alunos, com um professor titular e um professor de apoio até se alfabetizarem. Na medida em que avançam na aprendizagem, passam a frequentar os minis grupos.
A escola adota um livro didático que é comprado pela própria Unidade Escolar. O material é um norte para orientar o trabalho pedagógico. Os alunos têm que dominar todos os conteúdos ali propostos. Os estudantes têm direito de escolher qual conteúdo querem estudar, porém deverão ter passado até o final do ano letivo por todos os conteúdos. Na medida em que avançam nos conteúdos, eles mudam de grupo. Caso algum aluno não consiga avançar, os professores buscam outros recursos e procuram esgotar todas as possibilidades de aprendizagem, se persistir, fica retido. Se ainda assim, não avançar, busca-se auxílio com profissionais especialistas.
Ao concluir o Ensino Fundamental, 9º. ano, os alunos são matriculados no Ensino Médio em escolas estaduais regulares.
Os estudantes participam de Assembleias para resolverem os problemas que se apresentam na escola. Em primeiro momento, reúnem-se todos os alunos para apresentarem a situação que deverá ser resolvida. Em seguida, discutem as sugestões apresentadas. Depois, em uma outra Assembleia verificam as possibilidades de solução e encaminham ao diretor da Unidade Escolar para tomar as providências. O que também chama a atenção é que os alunos têm interiorizado o senso de responsabilidade, por isso são conscientes de quanto é importante estudar.
“Foi uma experiência exitosa e prazerosa”, conta a secretária municipal da Educação Margarete Stella Moraes.